sexta-feira, 28 de maio de 2010

Eu quero...

Quero ser completa e inteiramente entorpecida, pelo seu cheiro, pelo seu olhar e pela sua voz...
Tenho medo do nada, do vazio, e me torno uma pessoa frígida. O que acontece em volta de mim, só eu sei. O que se passa na minha cabeça, nem eu sei.
E viva o desassossego. Choro e dor às vezes não convêm. Desabafo seria até uma boa idéia.
Vamos tentar compreender a vida? Agente nasce, num lugar sujo, quente e fétido. Sofre, chora, sente dor, sente amor, morre. É assassinado brutalmente, ou estuprado, ou enforcado, ou mesmo morre de Infarto. E sua vida se torna inútil. Tudo o que você fez, as suas emoções, suas ações, serão apagadas, e esquecidas em pouco tempo. E ninguém mais irá lembrar que o dia 27 de abril era o seu aniversario. E a única prova de sua existência, é trancafiada embaixo da terra, alheia, pra ser comida pelos vermes. Que utilidade é essa? E pra onde vai tanto amor, tanto sofrimento, tudo que você conquistou?
A vida é um clichê. E eu quero senti-lo, quero viver intensamente, pra quando eu for nada, não me arrepender. Quero sentir o cheiro de incenso, cheiro de amor, cheiro de comida após sair do forno. Quero chorar e dizer que a culpa é sua, e fingir que estou triste, e fingir que estou feliz. Quero mentir quando convém, e criar historias mirabolantes, pra chamar sua atenção. Quero ser vista, ser ouvida, e gritar a cachoeira de sentimento que há em mim.
Vire-me ao avesso, e espalhe os meus segredos mais sombrios, me ame, e me odeie às vezes, porque isso é parte do amor.
Eu quero viver a vida inteira, e isso não é redundante.
Eu quero a vida pra mim.