quarta-feira, 29 de junho de 2016

(com amor, para o amor em si)

Muitos eram os corredores, algumas portas não abriam. Eu mesma não tinha chave.

Outras, nem tinham fechadura. Eram lugares inexplorados
como um labirinto

não dava mais para sair
e era impossível de ser desvendado.

Algo em mim sempre relutou
pois quando chovia, transbordava.

E dava medo de se afogar.

Mas quando havia sol
era a parte palpável da felicidade
aquela que sempre ouvia falar
mas não tinha gosto nem cheiro.

Isso me fazia temer as tempestades.

Construí um barco
sempre vale a pena esperar estiar.


(com amor, para o amor em si)

segunda-feira, 28 de março de 2016

Somos finos como papel. Existimos por acaso entre as porcentagens, temporariamente. E esta é a melhor e a pior parte, o fator temporal. E não há nada que se possa fazer sobre isso. Você pode sentar no topo de uma montanha e meditar por décadas e nada vai mudar. Você pode mudar a si mesmo para ser aceitável, mas talvez isso também esteja errado. Talvez pensemos demais. Sinta mais, pense menos. 

Não há nada que se possa fazer sobre isso.

As vezes, silenciar é o melhor a ser feito.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

tempo

Me comove a sensação de que o tempo voa.
Passei o dia inteiro tentando reescrever coisas que há muito já haviam sido ditas,
refutadas,
confirmadas,
discutidas.
Senti vontade de continuar a ler aquele livro que já não toco há dias
ouvir aquele cd de bob dylan
sair de casa e tomar banho de chuva
passei o dia inteiro tentando reeditar coisas das quais não acredito

minha cabeça ainda dói as vezes
é quase insuportável
sinto vontade de deixar de existir as vezes
mas depois passa.

ainda tenho que ler aquelas páginas
que eu já havia lido três anos atrás
mas quando a minha vida virou de cabeça pra baixo
fui obrigada a abandonar

O tempo voa e isso me comove
eu sinto ele passando por mim
fortalecendo a sensação de inutilidade
esmaecendo as vontades
aprimorando os desejos
multiplicando o cansaço.