sábado, 22 de janeiro de 2011

Tarde demais

Eu olho para trás e vejo todo aquele fogo. Aquele silêncio. Vejo o quanto sou pequeno em meio aquela imensidão de calor. Busco alguem para acabar com a minha solidão. A minha mente está em chamas. Queria tanto correr, ir a lugares desconhecidos, viver a minha vida! Mas permaneço aqui, estático, com essa fantasia em meu coração. Com esse obstáculo que eu não posso enfrentar. Eu não consigo me mexer! Onde estão as minhas forças? Eu não sei mais o meu nome. Quem são meus amigos? Minha familia? Estou sozinho e há fogo e eu não gosto de fogo. Sou de aquario, signo de água, poxa. Sinto cada vez mais calor, está se aproximando de mim. Tento mexer minhas pernas, mas não tenho pernas, nem braços, nem corpo. O que eu sou? Eu não existo! Não materialmente, mas então, como posso pensar?





Blackout





Tudo fica branco





Abro os olhos e não vejo nada...Escuto uma tosse abafada: um tubérculo ou um fumante? Pisco os olhos e vagamente as coisas tomam forma ao meu redor. Ouço choro em meio a palavras de conforto: 'Chegou a hora dele'. Abro os olhos e reconheço minha mulher abraçada a um homem estranho. Meus filhos, Bernard, Kate e Zoey olham pra mim entre lágrimasa.








Blackout






Tarde demais, os aparelhos já foram desligados, bem na hora que Harrison Johnson Winslat, 43 anos, havia retornado do coma, onde estava desde os 37.. Bem, era tarde demais.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Caio Fernando de Abreu.

Me entende, eu não quis, eu não quero, eu sofro, eu tenho medo, me dá a tua mão, entende, por favor. Eu tenho medo, merda!Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fos...se e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. Apronto agora os meus pés na estrada. Ponho-me a caminhar sob sol e vento. Vou ali ser feliz e já volto